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Universo: Astrofísica Cecília Payne inspira projeto no Brasil

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

12/03/2021 às 15:06:14 - Atualizado há

''O Sol não tem a mesma composição da Terra. É formado, essencialmente, por hidrogênio'', ecoou a voz de uma jovem mulher, em 1925.

Era Cecília Payne: astrofísica, nascida na Inglaterra em 1900, que mesmo sem títulos oficiais desafiou as teorias da época sobre a formação da principal estrela do nosso sistema solar.

Sua tese de doutorado foi apresentada há quase um século, na atual Universidade de Harvard.

A voz de Cecília foi rechaçada e refutada. Só anos mais tarde, teve o seu feito validado e hoje é visto, mundialmente, como um marco na astronomia e, em especial, no estudo das estrelas.

Cecília Payne saiu da Inglaterra para os Estados Unidos em busca de oportunidades em ambientes considerados masculinos: a Academia e a Ciência. A discriminação por ser mulher foi o principal obstáculo para o reconhecimento de títulos como o de astrônoma, para equiparação salarial e ocupação de um cargo oficial como professora.

Mas, ainda antes de se aposentar, foi a primeira mulher da história a ocupar a direção do departamento de astronomia na Universidade de Harvard, em 1966.

Mais de 40 anos após sua morte, o Cecília Payne ainda marca a ciência. Aqui no Brasil, foi justamente dentro da Universidade de São Paulo que surgiu o projeto batizado com o nome da cientista. O “Cecília'' leva ciência e, em especial, a astronomia, geofísica e ciências atmosféricas para dentro das escolas públicas, pelas mãos da também astrônoma Elysandra Cypriano.

“O projeto faz referência a astrofísica que descobriu que o Sol era composto basicamente por hidrogênio. Naquela ocasião onde ela descobriu isso, acreditava-se que o Sol tinha a mesma composição da Terra e foi bastante polêmico. Na época ninguém acreditou nela e ninguém fez jus de fato a grandiosidade da Cecília tem. Então, a gente fez uma homenagem a ela.”

Além da referência à cientista inglesa, Elysandra, que é docente no instituto de astronomia da USP, destaca que este também é um projeto que remonta à sua própria história, com dificuldades e desafios, e abrindo acesso para que estudantes – inclusive meninas - possam trilhar um caminho mais leve.

''Eu fui uma criança de escola pública que teve pouco acesso. Eu só fui conhecer a astronomia de fato quando eu já era bem mais velha, já na faculdade. Eu fico imaginando como seria se eu tivesse tido acesso a várias coisas que eu proponho nos meus projetos. Como seria eu criança? A minha trajetória seria diferente. Então, quando eu penso na minha trajetória de vida, eu tenho muito orgulho de onde eu cheguei. Porém se olhar para trás se eu tivesse acesso ao que não tive, talvez seria diferente. No mínimo, mais leve e talvez chegasse até um pouco mais longe. Porém agora na posição de professora eu consigo olhar pra trás e ver como eu posso auxiliar essas crianças que nunca tiveram acesso a este tipo de material para que o caminho delas seja um pouco mais leve.'', diz.

Tornar esta caminhada mais leve é também um dos desafios para as mulheres, destaca Elysandra.

''O desafio das mulheres é o enfrentado em todos os contextos da sociedade. A meu ver, o problema da mulher na ciência, é o problema geral da mulher em todos os aspectos. É uma luta diária. Ao longo da história da mulher você pode encontrar vários momentos de resistência. Você vai no passado eram coisas tenebrosas e já evoluímos bastante graças ao trabalho de mulheres que vieram antes de nós. Cabe a nós pensar o que fazer para deixar o caminho das próximas mais leve. Isso vale em todas as áreas. Na ciência o diferencial é que somos poucas e estamos inseridos em um ambiente mais masculino.”

Para esta sensação de não pertencimento, aflorada ainda mais na universidade, a astrônoma fala da importância dos coletivos, como o Astrominas - outro programa ligado à USP que envolve mulheres em diferentes momentos da carreira.

'' Você buscar pessoas que estão na mesma situação. Se aproximar de outras mulheres. Tentar tornar aquele lugar um pouco mais compressivo para você. Se perceber como parte daquilo. É aquela história do Juntas somos mais fortes. Então, a grande dificuldade é eu estar sozinha e lidar com essas questões introjetadas na nossa existência.''

Sobre as inpirações, Elysandra diz que são várias ao longo da vida, mas que a mãe e avó e este ambiente feminino em que cresceu em que ''a mulher era muito poderosa'' são suas referências. Que admira professoras que passaram pela sua história, em especial a renomada astrofísica brasileira Beatriz Barbuy, mas que cada mulher é única e ''que seu modelo deve ser você mesma''.

“Cada um tem sua trajetória. É legal admirar mulheres, por que mulheres são admiráveis, mas não necessariamente seguir um modelo. O seu modelo tem que ser você mesma, baseado na sua história, naquilo que te faz feliz, naquilo que faz o seu coração bater mais forte.”

Mulheres que amam as estrelas.

© Arte/Agência Brasil

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