Debates de deputados e lideranças partidárias foram encerrados. Cargo será declarado vago se 87 parlamentares votarem a favor da destituição. Martín Vizcarra, presidente do Peru, em foto de 3 de outubro de 2019
Guadalupe Pardo/Arquivo/Reuters
O Congresso do Peru retomou na noite desta sexta-feira (18) a votação sobre o impeachment do presidente Martín Vizcarra.
Mesmo após a conclusão dos debates dos deputados e líderes dos partidos, o presidente do Parlamento, Manuel Merino, decidiu colocar em pauta outro tema em votação: o financiamento de partidos.
Porém, após a aprovação do texto que muda regras para as próximas campanhas eleitorais, as discussões sobre a destituição de Vizcarra foram retomadas.
Impeachment de Vizcarra
Presidente do Peru, Martín Vizcarra, faz pronunciamento nesta sexta-feira (18) em julgamento no Congresso
Presidência do Peru
O processo de impeachment contra Vizcarra, de 57 anos, foi aberto na semana passada, depois do vazamento de áudios que, segundo parlamentares, mostram o presidente tentando minimizar a sua relação com o cantor Richard Cisneros, investigado por conta de contratos irregulares com o governo.
Nos áudios, Vizcarra conversa com duas assessoras sobre as idas de Cisneros ao palácio presidencial e pede para que mintam em um inquérito parlamentar.
Em seu discurso diante dos parlamentares, o presidente colocou-se à disposição do Ministério Público e fez um apelo para que os congressistas "não se distraiam" neste momento em que o país enfrenta a crise do coronavírus.
Segundo o mandatário, até o momento, não há comprovação de irregularidades que justificassem a sua destituição.
"O único ato ilegal que está comprovado até agora é a gravação clandestina", afirmou.
Se Vizcarra for derrubado, o chefe do Congresso, Manuel Merino, político discreto quase desconhecido dos peruanos, assumirá as rédeas do país. O popular presidente, que deixaria o poder dez meses antes do término de seu mandato, teria um destino semelhante ao de seu antecessor Pedro Pablo Kuczysnki (2016-2018), que foi forçado a renunciar sob pressão do Parlamento.