A pandemia do novo coronavĂrus fez com que as pessoas se vissem obrigadas a ficar isoladas dentro de casa praticamente 24 horas por dia. Apesar de ser uma medida essencial para conter o vĂrus, o isolamento domiciliar coloca muitas mulheres em risco quando as obriga a conviver por longos perĂodos com seus agressores.
Em abril, quando o isolamento social imposto pela pandemia jĂĄ durava mais de um mĂȘs, a quantidade de denĂșncias de violĂȘncia contra a mulher recebidas no canal 180 deu um salto: cresceu quase 40% em relação ao mesmo mĂȘs de 2019, segundo dados do Ministério da Mulher, da FamĂlia e dos Direitos Humanos (MMDH). Em março, com a quarentena começando a partir da Ășltima semana do mĂȘs, o nĂșmero de denĂșncias tinha avançado quase 18% e, em fevereiro, 13,5%, na mesma base de comparação.
De acordo com a Lei 11.340/2006, a violĂȘncia doméstica é qualquer ação ou omissão baseada no gĂȘnero que cause à mulher morte, lesão, sofrimento fĂsico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial no âmbito da unidade doméstica, no âmbito da famĂlia ou em qualquer relação Ăntima de afeto, na qual o gressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, independentemente de coabitação.
Apesar do maior volume de denĂșncias, o aumento da violĂȘncia doméstica escapa das estatĂsticas dos órgãos de segurança pĂșblica. A razão é que, isolada do convĂvio social, a vĂtima fica refém do agressor.
Na ParaĂba, o nĂșmero de denĂșncias de violĂȘncia contra a mulher aumentou 105,6% no primeiro mĂȘs de isolamento social, na ParaĂba, com relação ao mĂȘs anterior. O perĂodo analisado pelo aplicativo SOS Mulher PB, canal independente, é de 21 de fevereiro a 21 de março e de 21 de março a 21 de abril. No primeiro mĂȘs de anĂĄlise foram 142 denĂșncias, saltando rapidamente, no mĂȘs de isolamento social, para 292 denĂșncias.
O aplicativo também registra denĂșncias de violĂȘncia fĂsica, sexual e patrimonial. A violĂȘncia fĂsica sofreu um aumento de 53,3% durante o isolamento social, enquanto que a violĂȘncia sexual aumentou 54,5% e a violĂȘncia patrimonial sofreu um aumento superior a 97%.
Saiba como denunciar violĂȘncia doméstica durante a quarentena
Disque 123
Disque 123, serviço mantido pela Secretaria de Estado do Desenvolvimento Humano (Sedh), que atende em plantão diĂĄrio, das 6h até meia noite. O Disque 123 é voltado para o combate a violação de direitos.
TJPB foca em medidas protetivas
As unidades judiciĂĄrias especializadas na ĂĄrea de ViolĂȘncia Doméstica contra a Mulher tem dado atenção especial aos casos urgentes. As prioridades são a emissão das medidas protetivas para as mulheres vĂtimas de violĂȘncia e a divulgação da campanha "Não se Cale", que enfatiza a importância das denĂșncias pelos telefones 180, 190 e 197.
O Tribunal de Justiça da ParaĂba, por meio da Coordenadoria da Mulher em Situação de ViolĂȘncia Doméstica e Familiar, apoia a Campanha "Sinal Vermelho contra a violĂȘncia doméstica". O objetivo é incentivar denĂșncias por meio de um sĂmbolo: ao desenhar um "X" na mão e exibi-lo ao farmacĂȘutico ou ao atendente da farmĂĄcia, a vĂtima poderĂĄ receber auxĂlio e acionar as autoridades.
SINAL VERMELHO CONTRA A VIOLĂNCIA DOMÉSTICA
A Campanha – A ação conta com a participação de quase 10 mil farmĂĄcias em todo o paĂs, e é uma resposta conjunta de membros do JudiciĂĄrio ao recente aumento nos registros de violĂȘncia em meio à pandemia. Após a denĂșncia, os profissionais das farmĂĄcias seguem um protocolo para comunicar a polĂcia e ao acolhimento à vĂtima. Balconistas e farmacĂȘuticos não serão conduzidos à delegacia e nem, necessariamente, chamados a testemunhar.
A violĂȘncia doméstica não é problema só do casal ou da polĂcia. É um problema de toda a sociedade. É importante que a gente esteja atento aos sinais de violĂȘncia. Veja abaixo como se comportar diante de um caso de violĂȘncia domestica.
1. Ofereça ajuda e mantenha contato
2. Não julgue
3. Combine um sinal ou palavra de emergĂȘncia
4. Não silencie se ouvir uma agressão e chame a polĂcia
5. Oriente sobre os serviços disponĂveis
PolĂȘmica ParaĂba