Saúde

Brasil ultrapassa 200 mil mortes por Covid-19; especialistas alertam para transmissão pelo ar

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

07/01/2021 às 17:47:23 - Atualizado há
Evitar locais fechados e aglomerações, ajustar a máscara rente ao rosto, sem deixar folgas, e manter o distanciamento estão entre as principais ferramentas. Enterros de vítimas de Covid-19 na manhã desta quarta-feira (6), no cemitério Nossa Senhora Aparecida em Manaus (AM)

Sandro Pereira/Fotoarena/Estadão Conteúdo

A virada do ano não significa que a pandemia de Covid-19 acabou: nesta semana, o Brasil ultrapassou a marca dos 200 mil mortos pela doença, que é causada pelo coronavírus Sars-CoV-2. O número é o segundo maior do mundo.

Não há uma previsão de fim da pandemia, decretada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em março de 2020. A OMS também já alertou que o coronavírus pode se tornar endêmico – ou seja, nunca desaparecer.

Apesar da previsão de chegada de vacinas neste ano, o Brasil não tem um cronograma de imunização contra a Covid-19. Por isso, a melhor forma de se proteger da doença ainda é evitar o contágio.

Nesta reportagem, o G1 reuniu 6 dicas para você relembrar as melhores formas de se proteger:

Evitar locais fechados e mal ventilados

Usar máscara

Manter o distanciamento

Evitar aglomerações

Lavar as mãos com frequência

Evitar informações falsas

1) Evite locais fechados e mal ventilados

Na foto, garçonete limpa a mesa de um restaurante enquanto dois homens comem em Bangkok, na Tailândia, no dia 4 de janeiro.

Jack Taylor/AFP

O mais importante para se proteger do contágio pelo coronavírus é evitar locais fechados e mal ventilados, avalia o engenheiro biomédico Vitor Mori, membro do Observatório Covid-19 BR e pesquisador na Universidade de Vermont, nos Estados Unidos. Isso porque o vírus é transmissível pelo ar.

"Os locais mais perigosos para contaminação são festas, restaurantes, bares e cafés", diz Mori. "São espaços muito pequenos, onde está todo mundo sem máscara, as pessoas estão falando. Quanto mais fala, mais aerossóis transmite, e as pessoas estão respirando o mesmo ar".

Um estudo publicado em novembro por cientistas da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou que restaurantes, academias, cafés e bares eram os locais com maior risco de contaminação pelo vírus.

Se uma pessoa pessoa infectada expele aerossóis, eles permanecem no ar por um período. Em um espaço fechado e mal ventilado, essas partículas menores podem se acumular no ar com o tempo e serem inaladas por outra pessoa, explica Vitor Mori.

"O que nós sabíamos antes era que as gotículas de certos tamanhos eram as principais responsáveis por transmitir vários tipos de patógenos áereos, incluindo, claro, o vírus", diz Carlos Zárate-Bladés, pesquisador do Laboratório de Imunorregulação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

"Só que a gente viu a descoberta de que existem gotículas menores ainda do que as que a gente já conhecia que eram responsáveis pela transmissão desses patógenos", acrescenta.

"Por isso é que a transmissão do Sars-CoV-2 em ambientes fechados é muito maior. As gotículas maiores da fala de uma pessoa contaminada vão cair no chão relativamente rápido; no entanto, as outras permanecem flutuando no ar por pelo menos 20 minutos", afirma o cientista.

'"Agora, se você abre ou ventila o local, então faz com que essas gotículas se dispersem, então, ao ficarem dispersas, elas já não conseguem ter a quantidade viral adequada para transmitir a doença", explica Zárate-Bladés.

Cientistas pedem a organizações que reconheçam risco de transmissão do coronavírus pelo ar

Mori explica que, no início da pandemia, a contaminação por superfícies foi muito enfatizada, deixando de lado a transmissão pelo ar – mesmo quando as evidências científicas apontavam para esse tipo de disseminação do vírus.

"Houve muita pressão política para não reconhecer a transmissão pelo ar. A gente bateu muito numa tecla de higienização no começo da pandemia, mas não atualizou. As pessoas continuam lavando compras, higienizando tudo, mas indo para restaurante fechado, para shopping", pondera o pesquisador.

Ele argumenta que os protocolos para lugares fechados – como termômetros nas entradas – não previnem a transmissão pelo ar.

Aglomeração em bar no Distrito Federal

MPDFT/Divulgação

"Isso é até problemático, porque causa falsa sensação de segurança. As pessoas deixam de ir à praia por acharem que outros locais, por terem protocolos, são mais seguros", diz. "Eu acho que as pessoas não estão entendendo [a transmissão]. A gente não controla a transmissão se não sabe como o vírus se transmite", lembra Mori.

"É possível se contaminar por uma superfície, mas é muito raro perto da contaminação pelo ar. Não está sendo comunicado como o vírus se transmite – estamos priorizando higienização ao invés da transmissão pelo ar", diz.

Ele também cobra mais atuação do poder público para uma política de redução de danos – para fornecer alternativas seguras de atividades às pessoas.

"Eu não vou conseguir convencer um jovem que está indo para a balada a ficar em casa. Não acho que isso é realista, que isso vai acontecer. Mas eu poderia convencer o jovem que está indo para a balada a encontrar os amigos num parque aberto, ao ar livre. Acho isso muito mais viável", afirma Mori.

2) Use máscara

Pessoas com máscaras protetoras contra a Covid-19 andam em shopping em Bogotá, na Colômbia, nesta segunda-feira (8).

Juan Barreto/AFP

As máscaras são essenciais para conter a transmissão do vírus. Mas, para que elas funcionem, é necessário usá-las de maneira correta.

A máscara deve cobrir completamente o nariz e a boca – nada de máscara no queixo ou deixando o nariz de fora. Além disso, deve se ajustar ao rosto, sem deixar folgas ou aberturas pelas quais gotículas possam entrar (ou sair).

O mais importante é que a máscara seja bem ajustada, explica Vitor Mori. Ele recomenda procurar máscaras que possam ser presas na nuca, ao invés da orelha, para ajustar melhor ao rosto. Outro ponto que ajuda é ter uma peça de metal perto do nariz, para melhorar o ajuste.

"A máscara tem que ficar bem apertada no rosto. Ela não pode ter vazamento nos lados e por cima. Eu vejo muita gente usando a máscara bem folgada, e o ar fica escapando por buracos enormes. Isso precisa ser explicado para a população", diz.

Veja como usar corretamente a máscara para se proteger da Covid-19

Anderson Cattai/G1

De forma geral, diz Vitor Mori, o ideal é que a máscara tenha malhas bem fechadas – de 2 a 3 camadas de pano. Para verificar, a pessoa pode fazer o teste da luz do sol – vendo se consegue enxergar a luz do sol através da máscara – ou o teste da vela.

"Estando de máscara, tentar apagar um fósforo, uma vela, um isqueiro: se conseguir apagar com certa facilidade, é sinal de que não é tão grossa quanto deveria. Isso serve para ver a qualidade da máscara – mas não adianta se ela não ajusta [no rosto]", reforça Mori.

Para Carlos Zárate-Bladés, da UFSC, a máscara se tornou uma espécie de última alternativa no combate à Covid.

"O que se espera é que, com a retomada de atividades – é praticamente cada vez mais difícil manter as pessoas em casa –, a gente crie uma consciência um tanto maior no uso racional da máscara. É a única forma que eu vejo possível de fazer uma rotina normal", afirma.

3) Mantenha o distanciamento

Mulher anda com neto na praia em Delaware, nos Estados Unidos, no dia 2 de janeiro.

Mark Makela/AFP

Mantenha o distanciamento das outras pessoas – mesmo de máscara e mesmo ao ar livre – sempre que possível.

"Em espaço fechado, 1,5 metro [de distanciamento] não é suficiente", afirma Vitor Mori. "A gente assumiu uma regra de que 1,5 m é suficiente e isso não é verdade. Em espaço fechado, quanto maior o distanciamento, melhor. Em espaço aberto, até dá para considerar 1,5 m seguro, [já que] o risco é muito mais baixo", explica.

Um estudo publicado em dezembro por cientistas da Universidade Estadual do Novo México, nos EUA, fez uma simulação com instrumentos para testar a eficiência de 5 tipos de máscaras quando duas pessoas estavam a cerca de 1,8 metro em um ambiente fechado.

Os cientistas testaram tanto a eficiência da máscara para proteger a pessoa de gotículas que vinham de fora quando alguém tosse ou espirra, quanto para impedir o vazamento de gotículas, nesses casos, de alguém possivelmente infectado.

Todas as máscaras, mesmo com ajuste perfeito, permitiram a passagem de alguma quantidade de gotículas que vinham de fora, exceto a N95. A máscara de tecido normal permitiu a passagem de cerca de 3,6% delas, por exemplo.

"O uso de máscara oferece proteção substancial, mas não completa, a uma pessoa suscetível, ao diminuir o número de gotículas de espirros e de tosse transportados pelo ar que, de outra forma, entrariam na pessoa sem a máscara", dizem os pesquisadores.

"Deve-se considerar a possibilidade de minimizar ou evitar interações humanas próximas, cara a cara ou frontais, se possível", recomendam.

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4) Evite aglomerações

Pessoas fazem compras na 25 de Março, no Centro de São Paulo, no dia 23 de dezembro.

Carla Carniel/AP

A médica Lucia Pellanda, professora de epidemiologia e reitora da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), enfatiza a orientação de, além de manter o distanciamento, evitar aglomerações especificamente.

"Tem um fenômeno específico nessa doença que são os superespalhadores – os eventos superespalhadores e as pessoas superespalhadoras. Realmente, quanto mais gente, mais risco. Quanto mais tempo ficar com elas, mais risco. E quanto mais perto, mais risco", lembra Pellanda.

Superespalhadores de Covid: tabela avalia grau de risco de eventos presenciais; Veja

"Mesmo ao ar livre, de máscara, se tiver 100 pessoas, o risco vai ser maior do que se tiver duas pessoas", pontua.

A especialista destaca, ainda, que é importante aplicar todas as medidas de prevenção ao vírus de forma conjunta.

"Não adianta 'estou ao ar livre, não preciso de máscara'. Precisa. 'Então eu estou ao ar livre, não preciso ficar à distância'. Precisa. 'Ah, eu estou de máscara, não preciso manter a distância'. Precisa", afirma.

"Quando a gente faz todas as coisas, vai diminuindo bastante o risco. As pessoas têm ideia de que é tudo ou nada. O risco é contínuo", lembra Pellanda.

5) Lave as mãos com frequência

Meninas lavam as mãos antes de entrarem na sala de aula em uma escola primária em Lille, no norte da França, no dia 1º de setembro, primeiro dia letivo em meio à pandemia de Covid-19.

Denis Charlet/AFP

A recomendação de higienizar as mãos com frequência continua valendo. Além da Covid-19, a medida evita outras doenças.

A OMS recomenda lavar as mãos após tossir ou espirrar, cuidar de doentes, usar o banheiro e manusear animais ou resíduos de animais. A higienização também é necessária antes de comer e de preparar alimentos.

Além disso, lave as mãos depois de tocar em superfícies comuns, como maçanetas, ou depois de voltar para casa de uma visita a um local público.

Lembre também de evitar levar as mãos aos olhos, nariz e boca.

6) Evite informações falsas

Fato ou Fake: Retrospectiva 2020

Carlos Zárate-Bladés, da UFSC, recomenda uma "medida extra" para se proteger na pandemia: evitar as notícias falsas, as também chamadas fake news.

"As fake news nos atrapalharam muito como cientistas e promotores de saúde na pandemia. As fake news não são fake news se você não as compartilha – deixam de ser notícia", lembra.

"O que estamos vendo agora é uma chuva de fake news em relação às vacinas cada vez que existe uma reação adversa, como se aquilo tivesse acontecido com centenas de pessoas", lembra.

Veja VÍDEOS com novidades sobre as vacinas contra a Covid-19:
Fonte: G1/PB
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