Paraíba

Defesa de padre Egídio, suspeito de desviar R$ 140 milhões, pede prisão domiciliar para o religioso

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Por PCV Comunicação e Marketing Digital

21/11/2023 às 16:16:33 - Atualizado há
Defesa que representa o ex-diretor do Hospital Padre Zé, o padre Egídio de Carvalho, alega questões de saúde física e mental para o pedido. Padre Egídio foi preso na manhã da sexta-feira, 17 de novembro, em João Pessoa, por suspeita de desvios de recursos do Hospital Padre Zé

Reprodução/TV Cabo Branco

A defesa do Padre Egídio de Carvalho, suspeito de comandar um esquema que desviou R$ 140 milhões do Hospital Padre Zé, entrou com um pedido junto à 4ª Vara Criminal de João Pessoa para que a prisão preventiva do religioso seja convertida para prisão domiciliar, alegando questões de saúde. O ex-diretor está preso no Presídio especial do Valentina, na capital paraibana, desde a última sexta-feira (17).

De acordo com a defesa, o pedido para a conversão da prisão em domiciliar está baseado no fato de o padre Egídio ter uma série de problemas de saúde física, como comorbidades, e também problemas de ordem emocional, sendo alegada uma depressão profunda.

A Secretaria de Estado da Administração Penitenciária (Seap) informou, em nota, nesta terça-feira (21), que o Padre Egídio, que tem 56 anos, apresenta um bom estado de saúde desde a prisão. Além disso, também foi informado que apenas os advogados dele fazem visitas e ele também não faz banho de sol.

O padre Egídio de Carvalho está afastado das funções religiosas desde o final de setembro, por decisão da Arquidiocese da Paraíba. Na prática, ele fica proibido de ministrar missas ou qualquer outro sacramento da igreja.

Após a prisão, a Arquidiocese divulgou uma nota afirmando que está colaborando integralmente com as investigações em curso.

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Antônio Vieira/TV Cabo Branco

O padre Egídio de Carvalho é suspeito de ser dono de 29 imóveis considerados de alto padrão, localizados na Paraíba, em Pernambuco e em São Paulo, comprados com dinheiro desviado de recursos públicos e de investir altos valores em vinhos, decorações e obras de arte. A defesa do Padre pediu a mudança da prisão preventiva em domiciliar, nesta terça-feira (21).

A decisão judicial que autorizou a prisão preventiva do padre Egídio de Carvalho Neto traz uma série de detalhes sobre as suspeitas que cercam o religioso. E aponta uma vida de luxos e excessos, com gastos milionários que ultrapassam em muito a sua renda mensal.

Nesta decisão, consta detalhes também sobre como o dinheiro desviado era utilizado para bancar uma vida luxuosa. Por exemplo, em que pesasse o salário líquido do religioso, pago pela Arquidiocese da Paraíba, girar em torno de R$ 16 mil, era ele quem pagava a mensalidade de um curso de medicina numa faculdade particular de São Paulo, para um sobrinho, num gasto regular de R$ 13 mil por mês.

Parte dos vinhos encontrados em granja do Padre Egídio no Conde, PB

Gaeco/Reprodução

A investigação aponta que um carro novo comprado por Egídio de Carvalho Neto, avaliado em R$ 122 mil, teria sido pago à vista, com verba oriunda de recursos públicos repassados ao Instituto São José.

Foram encontrados ainda inúmeros orçamentos pagos de reforma e ambientação dos imóveis pertencentes ao padre: eletroeletrônicos de luxo "com elevado custo de mercado" peças de decoração de valores "absolutamente incompatíveis com o padrão financeiro do investigado".

Outra constância eram gastos com móveis de luxo, imagens sacras, cristais e adornos antigos feitos em prata, cristal e madeira. Além disso, foram encontrados recibos de compra de "relíquias religiosas de elevados valores", também segundo a decisão.

Os gastos eram de toda a ordem. Para se ter uma ideia, apenas em 23 de junho de 2022, véspera das festividades de São João, o padre teria gasto R$ 29.024,13 em vinho. Ao longo de todo aquele ano, o gasto total teria sido de R$ 109.980,00 apenas com o produto.

Outras duas presas na Operação Indignus

Egídio de Carvalho Neto, Amanda Duarte e Jannyne Dantas tiveram mandados de prisão expedidos

Reprodução

Além do padre Egídio de Carvalho, outras duas pessoas são investigadas suspeitas de participarem do esquema de desvio de R$ 140 milhões do Hospital Padre Zé. De acordo com as investigações, Jannyne Dantas Miranda e Silva e Amanda Duarte Silva Dantas, ex-diretora administrativa e ex-tesoureira do Hospital Padre Zé, participaram diretamente dos desvios.

O advogado que representa Jannyne e Amanda entrou com um recurso contra a prisão das duas no domingo (19). A alegação é de que os motivos apresentados pelo Gaeco, de que elas poderiam obstruir o trabalho da Justiça, são "frágeis" para justificar a privação de liberdade.

Jannyne Dantas foi encaminhada para a Penitenciária Júlia Maranhão, já Amanda Duarte ficou em prisão domiciliar, ter um filho de 4 meses em amamentação exclusiva.

A decisão da Justiça para prender os três se fundamenta na garantia da ordem pública, a conveniência da instrução criminal e o asseguramento da aplicação da lei penal para justificar as prisões.

Ao g1, a defesa das duas mulheres afirmou que "apesar da vastidão de documentos colecionados na operação Indignus, nenhum elemento probatório dá conta de que as mesmas de algum modo tenham locupletado-se pessoalmente ou por meio de terceiros, de verbas oriundas do Hospital Padre Zé, sendo certo que, tais afirmações podem ser percebidas desde já, mas contudo, serão devida e cabalmente comprovadas no curso processual".

Milhões desviados de ajuda a moradores de rua e venezuelanos, diz Gaeco

Hospital Padre Zé, em João Pessoa

Hospital Padre Zé/Divulgação

Ainda conforme as investigações, de acordo o relatório da investigação do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba (MPPB), o padre também é suspeito de ter desviado mais de R$ 2,4 milhões apenas de projetos sociais que atenderiam pessoas em situação de rua e indígenas venezuelanos que estavam em João Pessoa.

Na investigação, o Ministério Público encontrou anotações no caderno de Amanda que mostram como era feito o esquema para o desvio do dinheiro nas obras sociais. Segundo o Gaeco, os pagamentos eram feitos aos fornecedores do Hospital Padre Zé e da Ação Social Arquidiocesana, que posteriormente devolviam parte do dinheiro ao religioso em forma de propinas.

Em uma anotação de 6 de setembro de 2022, Amanda enumera as "devoluções atualizadas", que somavam mais de R$ 514 mil que seriam do programa Prato Cheio João Pessoa, R$ 500 mil do Prato Cheio Guarabira, R$ 360 mil do Prato Cheio Campina Grande, R$ 760 mil dos Waraos (referência à etnia indígena venezuelana) e R$ 380 mil do programa Banho Cidadão. Um total de R$ 2,4 milhões.

Valores de 'devoluções' anotados em caderno de ex-tesoureira do Hospital Padre Zé

Gaeco/Reprodução

Existem outras anotações. Por exemplo, pagamento R$ 250 mil para assistência "pós alta" e devolução de R$ 201.160, pagamento de 659.890 para "padaria" e devolução de R$ 382.100 e pagamento de R$ 205.744 para "Enem" e devolução de R$ 105.485.

Segundo o Gaeco, o volume de dinheiro apontado no desvio ainda é parcial e a investigação continua.

Anotações apontam valores pagos e devolvidos; para o Gaeco, isso comprova propina paga a dirigentes do Hospital Padre Zé

Gaeco/Reprodução

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Fonte: G1/PB
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