Paraíba

Empreendedorismo quilombola contribui para renda e resistência das comunidades na Paraíba

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Por PCV Comunicação e Marketing Digital

20/11/2023 às 11:43:01 - Atualizado há
Turismo, agricultura e música são a base da economia dos quilombos Cruz da Menina, Senhor do Bonfim e Caiana dos Crioulos, garantindo a renda da comunidade. Dança é uma das formas de expressão típicas do povo de Caiana dos Crioulos

TV Cabo Branco

Turismo, agricultura e música são a base da economia de três comunidades quilombolas da Paraíba. Os quilombos Cruz da Menina, em Dona Inês; Senhor do Bonfim, em Areia; e Caiana dos Crioulos, em Alagoa Grande; desenvolvem atividades que movimentam a economia da comunidade e contribuem para a resistência desses territórios e suas tradições.

A série de reportagens "Quilombo: o empreender preto na Paraíba", da Tv Cabo Branco, visitou os três quilombos, no Curimataú, no Brejo e Agreste da Paraíba, para mostrar empreendimentos desenvolvidos pelas comunidades para geração de renda.

De acordo com a presidente da Associação de Apoio aos Assentamentos e Comunidades Afrodescendentes da Paraíba (Aacade/PB), Francimar Fernandes, atualmente existem 46 comunidades no estado e apenas cinco delas possuem o território reconhecido pelo Governo Federal.

"Eles desenvolvem bastante atividades no território, como agricultura familiar, turismo de base comunitária, economia solidária. São caminhos para que eles possam fortalecer economicamente o território, permanecer no local e desenvolver sua identidade", afirma Francimar.

Ainda segundo Francimar, que também cientista social, ressalta que através da economia que a comunidade mostra que possui condições dignas de permanecer nessas localidades.

Roteiro turístico: Caminhos do Quilombo no Curimataú da Paraíba

Série "Quilombo, o empreender preto na Paraíba"

A Comunidade Quilombola Cruz da Menina, localizada na zona rural de Dona Inês, no Curimataú do estado, reúne um roteiro turístico de experiência e de vivência. Entre as atividades estão o artesanato, a culinária, as crenças e trilhas pela área.

A trilha da Cruz da Menina é uma das opções turísticas. Segundo Berg Quirino, condutor de turismo, a trilha tem início perto da capela da comunidade e vai até a Pedra do Gravataçu, onde os turistas também conseguem fazer atividades radicais como rapel.

Turismo desenvolvido no quilombo Cruz da Menina, no Curimataú da Paraíba, conta com atividades radicais.

Reprodução/TV Cabo Branco

É cerca de 1 km em contato permanente com a caatinga e também é possível visualizar o local a quase 500 metros acima do nível do mar, na Serra de Dona Inês.

A capela Cruz da Menina se tornou um ponto de peregrinação na comunidade e é visitada por muitos romeiros para agradecer pelas graças alcançadas.

A artesã Rafaela Henrique conta que a menina Dulce veio do alto sertão com os pais em uma época de seca e o alimento que trouxeram não foi suficiente. A família encontrou uma casa e pediu comida aos moradores, o que foi negado e a menina faleceu em seguida.

"Um homem pediu graças a essa menina e ela atendeu. Então ele falou para a comunidade e as pessoas foram fazendo promessas que foram sendo alcançadas. Foi dito que a cruz da menina é um lugar santo", relembra Rafaela.

Capela no Quilombo Cruz da Menina, no Curimataú da Paraíba, é ponto de peregrinação entre romeiros

Reprodução/TV Cabo Branco

Na associação dos moradores do quilombo, peças em argila e madeira, além de roupas e bijuterias são expostas de forma permanente.

"Não é só o artesanato em si, a gente vem resgatando a nossa cultura que os nossos antepassados faziam. E através das peças estamos desenvolvendo uma economia criativa dentro da nossa comunidade", afirma Bianca Quilombola, presidente da Associação de Remanescentes de Quilombo Cruz da Menina.

Peças em argila e madeira são expostas de forma permanente no Quilombo Cruz da Menina, no Curimataú da PB.

Reprodução/TV Cabo Branco

No quilombo também é possível aprender a fazer peça em argila no curso ofertado pela artesã Nalva Teófilo. "É uma terapia que não tem como explicar, só você colocando a mão no barro que vai sentir", afirma.

A ideia é estimular cada vez mais capacitações para que o povo quilombola de Cruz da Menina possa adquirir mais conhecimento para o pleno desenvolvimento da própria comunidade

Agricultura familiar desenvolvida por quilombo no Brejo do estado

Quilombo, o empreender preto na Paraíba: confira como turismo transformou comunidade

Na comunidade quilombola Senhor do Bonfim, localizada na zona rural do município de Areia, o estímulo ao pertencimento e ao empreendedorismo vem da agricultura.

Atualmente vivem 36 famílias no quilombo, um total de 122 habitantes, e a agricultura familiar é a principal atividade econômica no território quilombola. Dividida em quatro hortas, no local são plantados 17 tipos de produtos que terminam nas feiras livres de municípios vizinhos e da região metropolitana do estado.

Agricultura familiar é a principal atividade econômica do quilombo Senhor do Bonfim no Brejo da Paraíba.

Reprodução/TV Cabo Branco

A cozinha da associação dos moradores é usada para produção de bolos oferecidos como merenda escolar no município de Areia. Ao todo, 140 bolos são produzidos a cada 15 dias e a remuneração é revertida em melhoria de vida para as boleiras do Senhor do Bonfim.

Produção feita pelo quilombo Senhor do Bonfim, no Brejo da Paraíba, chega às feiras em todo o estado.

Reprodução/TV Cabo Branco

Foi através da produção dos bolos que Maria das Dores, boleira, conseguiu comprar os móveis de casa e investir em novos produtos.

Já a agricultora Maria de Fátima, repassa o conhecimento ancestral das plantas medicinais para outras pessoas. As ervas que ela cultiva, como capim limão e erva cidreira são vendidas para pacientes de todo o estado.

Comidas típicas e dança estimulam turismo em Caiana dos Crioulos

Caiana dos Crioulos fica localizada na zona rural de Alagoa Grande, na Paraíba

TV Cabo Branco

O quilombo de Caina dos Crioulos está localizado a 18 km do centro de Alagoa Grande, no Agreste da Paraíba. Desde maio de 2005, quando a Fundação Palmares reconheceu a região como quilombo, a comunidade despertou para a possibilidade de ser um roteiro turístico. As comidas típicas e também a dança são as principais ferramentas para atrair quem quer conhecer um pouco do lugar.

O visitante pode acompanhar a tradição gastronômica da comunidade. Um dos pratos típicos do local é o "quarenta". Rita Miguel, uma das moradoras, disse em entrevista que aprendeu a receita com familiares.

O "quarenta" é um dos pratos típicos da comunidade Caiana dos Crioulos

TV Cabo Branco

"Aprendi a fazer quarenta desde os tempos da minha avó. Não sabia o que era bolacha, nem o que era pão, e a minha avó botava água no fogo, sal, e misturava a massa de milho e fazia o famoso prato", disse.

A moradora explicou que o processo de fazer o "quarenta" é uma forma de resgatar um pouco da cultura quilombola do local, para fazer com que as gerações passadas não sejam esquecidas. "É um resgate que eu acho que vai durar para muitas gerações", relatou.

Outra forma de conhecer a cultura do povo de Caiana dos Crioulos é entrando no ritmo da dança. Isso porque os moradores expressam as próprias vivências por meio da musicalidade. A comunidade, inclusive, já gravou três CDs e um DVD com as principais músicas de ciranda. Ao todo, são mais de 100 composições gravadas.

"No primeiro CD que a gente fez, botamos 70 músicas, e tem muito mais. Nós temos mais de 200 músicas de ciranda. Agora não podemos deixar que isso acabe. Sempre digo os jovens, as crianças, para não deixar isso acabar, porque um vai morrendo e o outro vai ficando", explica Cida de Caiana.

Por conta dessa efervescência artística e gastronômica, a comunidade de Caiana dos Crioulos já começou a construir uma estrutura coberta, feita de concreto, além de barracas para artesanato e venda de comidas. No entanto, ainda é preciso incentivo financeiro público para terminar as obras.

"Então a gente tá com esse palhoção aí, pedindo ao povo que nos ajude a fazer, a construir essa estrutura, para que quando for no dia 26 de novembro, possamos fazer nossa apresentação ali dentro, porque tem muita gente e precisamos ter o nosso lugar", finalizou Cida.

Confira o terceiro e último epísódio da série "Quilombo, o empreender preto na Paraíba"

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Fonte: G1/PB
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