Paraíba

'Se ele não existisse, aquela dor ia sair', diz adolescente ao MPPB após tentar matar filho fruto de estupro

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

19/10/2021 às 08:15:30 - Atualizado há
Declaração foi dada durante depoimento ao Ministério Público da Paraíba (MPPB). Adolescente de 15 anos é suspeita de perfurar com uma caneta o pescoço do filho de quatro anos, que nasceu após um estupro. Adolescente suspeita de ferir filho com caneta foi estuprada e engravidou aos 11 anos

Reprodução/TV Cabo Branco

A adolescente de 15 anos, que foi estuprada pelo padrasto aos 11 anos e é suspeita de perfurar com uma caneta o pescoço do filho, fruto do estupro, foi ouvida nesta segunda-feira (18) pelo Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio da Promotoria da Infância , em João Pessoa. De acordo com a promotora Ivete Arruda, a adolescente disse em seu relato que pensou que se o filho não existisse, a dor que sentia iria desaparecer.

No início do depoimento, a promotora revela que a adolescente negou as agressões. Mas no decorrer da conversa, ela confessou que tentou matar o filho.

"Ela nos narrou que olhou para a criança na cama e veio na mente dela todas as cenas, como num filme, do que ela tinha passado durante os estupros. A dor que ela sentia, a afetação da dor... Ela decidiu tirar aquela dor e, pela segunda vez, tentou acabar com a vida da criança", conta Ivete Arruda.

Em seguida, a adolescente teria colocado o fio ao redor do pescoço da criança e, depois, fincou a caneta no pescoço dele. Quando sentiu que ele estava realmente perdendo as forças, ela gritou por ajuda no centro de acolhimento que residia. Os funcionários do abrigo encontraram a criança com a caneta perfurando o pescoço e fios enrolados.

A história de violência envolvendo a adolescente e a criança começou em 2017, quando a mãe, na época aos 11 anos, foi estuprada pelo padrasto e engravidou.

Em seu depoimento, ela narra amor pela criança, mas também muito ódio pelo agressor. Demonstra também muita revolta por não ter sido amada pela mãe. "A todo tempo ela demonstra isso na fala, porque a mãe não acreditou no que ela passava e ficou ao lado do agressor", revela Ivete Arruda. A adolescente também disse que estava arrependida e pediu várias vezes para ver o filho.

De acordo com a promotora da infância, Ivete Arruda, como a adolescente tem consciência do que fez e também não nega as agressões, nem a dor que sente, ela deve responder por tentativa de homicídio. No entanto, a promotoria requereu por intervenção psiquiátrica e psicológica para um acompanhamento com mais atenção.

A adolescente, na noite desta segunda-feira, passou por uma série de exames de avaliação para garantir sua integridade física, e segue detida. Segundo a promotora da infância, ainda nesta terça-feira (19), a adolescente deve ser encaminhada para o Centro de Atendimento Socioeducativo Rita Gadelha, em João Pessoa.

A criança de quatro anos segue internada na UTI-Pediátrica do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa em estado de saúde considerado grave. Após receber alta, ela poderá ser encaminhada para algum familiar ou para a adoção.

O juiz da Vara da Infância e Juventude de João Pessoa, Adhailton Lacet, em entrevista ao JPB1, nesta segunda-feira (18), ressaltou a trajetória de violações da mãe e da criança e fez um apelo à sociedade para que não façam juízo de valor sobre ela.

"Não faça juízo de valor em cima dessa mãe, não vamos taxá-la de assassina e perversa porque ela também sofreu muitas violações enquanto criança".

Relembre o caso

A mãe deu à luz ao menino aos 11 anos, em setembro de 2017, após ter sido estuprada pelo padrasto. A gestação só foi descoberta aos cinco meses, por meio de uma ultrassonografia, quando a criança foi levada pela avó para um posto de saúde.

Conforme o juiz Adhailton Lacet, o aborto legal não foi realizado porque a idade gestacional da menina já estava avançada, oferecendo riscos à saúde dela. O juiz também informou que o acusado de estupro chegou a ser condenado e atualmente cumpre pena.

Na época, mãe e filho chegaram a ser acolhidos por uma família, mas, após dois anos, eles voltaram para a casa de acolhimento. Enquanto estava com essa família, a adolescente relatou ter tentado afogar o menino em uma banheira, mas como não foi comprovado, a guarda da criança permaneceu com ela, e ambos eram assistidos pela Justiça.

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Fonte: G1/PB
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