Paraíba

'Oásis tecnológico': Campina Grande exporta ideias e talentos para o mundo

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

11/10/2021 às 13:45:32 - Atualizado há
Estudantes, profissionais e professores de cursos como ciência da computação e engenharia elétrica, que trabalham com Tecnologia da Informação, classificam Campina Grande como polo formador na área. "Oásis tecnológico": Campina Grande exporta ideias e talentos da tecnologia para grandes empresas mundo a fora

Daniel Morais/Arquivo pessoal

Aos 157 anos, a cidade de Campina Grande tem se consolidado no mercado da tecnologia mundial. Reconhecida por especialistas da área como um polo tecnológico, a cidade não apenas recebeu o primeiro computador do Nordeste brasileiro, como também tem exportado grandes ideias e talentos mundo afora.

Estudantes, profissionais e professores de cursos como ciência da computação e engenharia elétrica, que trabalham com Tecnologia da Informação, classificam Campina Grande como o "oásis tecnológico" do interior paraibano.

A cidade comporta a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e o Instituto Federal da Paraíba (IFPB), além de empresas relacionadas a estas instituições e outras de iniciativa privada que investem na área de tecnologia.

Além de produzir tecnologia para outros locais, Campina Grande também tem enviado profissionais formados em cursos locais para trabalhar na grande indústria da tecnologia. Às vezes, presencialmente, com ex-alunos indo morar em outros países, e também de maneira remota, com profissionais trabalhando à distância, morando na cidade.

De Campina para o mundo

Daniel Morais é de Campina Grande, mas atualmente está morando em Malmö, na Suécia. Ele se formou em Engenharia Elétrica na UFCG, em 2012, e foi embora para o sudeste do país. Tempos depois, voltou à Paraíba para cursar uma pós graduação, e no começo de 2020 recebeu uma proposta de trabalho no país europeu.

Ao longo da carreira, o engenheiro colocou em prática o que aprendeu em Campina Grande, onde, ainda na graduação, teve a oportunidade de participar de projetos de desenvolvimento de chips. O primeiro passo para ingressar no mercado da microeletrônica, no qual atua hoje.

"Estou trabalhando com microeletrônica, e sei que tudo isso veio da UFCG. O que aprendi me ajudou a entrar nas empresas e sei que, se eu não estivesse lá, não teria conseguido chegar onde estou. Agradeço muito à UFCG e a todo mundo que contribuiu pra eu estar onde estou hoje", diz.

Já o engenheiro de software Bruno Lira atualmente mora em Lisboa, Portugal, e também tem parte de sua formação gerada em Campina Grande. Ele deu início aos estudos na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), foi para a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, e de lá partiu rumo a grandes empresas fora do país.

Bruno em uma das atividades do curso, ainda na graduação

Bruno Dias/Arquivo pessoal

Para ele, o ecossistema educacional que estimula a criação de ciência e tecnologia em Campina Grande é fundamental não apenas para a formação acadêmica dos estudantes, como também para o crescimento profissional deles.

“O ecossistema de talento em tecnologia de Campina Grande teve um papel importante na minha formação. Minha carreira inicial aconteceu através de projetos e trabalhos que fiz na cidade, e esse ambiente é muito forte para fomentar a educação, especificamente em tecnologia. Ser profissional dessa área, em Campina Grande, é crucial", diz.

Bruno com colegas profissionais da área de tecnologia

Arquivo Pessoal: Bruno Dias

Do mundo para Campina

Além de encaminhar profissionais de tecnologia para outros países, Campina Grande também recebe demandas externas para serem produzidas na própria cidade.

No Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde (Nutes) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), o estudante Lucas Barbosa, que se formou e atua na cidade, acompanhou o frenesi do mercado de tecnologia em solo campinense.

Assim que se formou, em 2017, Lucas optou por investir em uma pós graduação na capital paraibana João Pessoa. Na época, segundo ele, o mercado de tecnologia em Campina Grande era um pouco mais escasso, mas anos depois, ao retornar para a cidade, percebeu que a área estava bem mais aquecida, com oportunidades de trabalho locais e remotas, em empresas do mundo inteiro.

"Quando voltei pra cá o cenário estava bastante diferente. Percebi, em contato com estudantes da UEPB, que muitos deles ainda nos períodos iniciais do curso de ciência da computação já estavam trabalhando na área. As empresas estão realmente disputando profissionais na área de TI daqui", comenta.

Com o início da pandemia, a crise financeira que também parecia querer atingir o mercado da tecnologia teve o efeito contrário, já que o mundo inteiro voltou o olhar para a ciência.

O Nutes, inclusive, obteve destaque com o desenvolvimento de um ventilador mecânico de baixo custo, o RespNutes. Além disso, produziu ferramentas para facilitar a utilização de equipamentos hospitalares, e distribuiu máscaras de acrílico para profissionais de saúde de várias partes do país.

Dependências da Nutes, no campus da UEPB em Campina Grande

Leonardo Alves / Nutes

"A gente sente que agora é um bom momento, principalmente porque nesse pós pandemia houve uma demanda considerável para aplicações tecnológicas na área da saúde, e isso reflete na grande quantidade de pessoas da área que estão em empresas", comenta.

Professor e coordenador do Nutes, Paulo Barbosa explica que o núcleo já esteve envolvido em projetos de instituições da Grécia, Portugal, Estados Unidos, Alemanha e muitos outros países. As ideias desenvolvidas aqui auxiliam no crescimento não apenas do nome das instituições de ensino campinenses, como também fomentam a valorização profissional de estudantes da cidade.

"Já estivemos envolvidos em vários projetos internacionais, com cooperação conjunta entre empresas e instituições científicas de fora. Auxiliamos no desenvolvimento de um acelerador linear de combate ao câncer nos Estados Unidos, também participamos de um projeto de combate à obesidade infantil, que atualmente está disponível em países europeus como Portugal e Espanha, além de iniciativas de inteligência artificial", afirmou o professor.

Pesquisa possível graças ao incentivo de grandes instituições que enxergam em Campina Grande um potencial de crescimento tecnológico. Um dos motivos pelos quais a cidade concorre ao título de Cidade Criativa, da Unesco.

Tradição em tecnologia é reconhecida mundialmente

O professor Tiago Massoni, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), atribui o reconhecimento de Campina Grande como um polo tecnológico à tradição construída por professores e estudantes da área, formados em universidades locais, ao longo dos anos.

A Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), por exemplo, aparece nas mais altas classificações de cursos como Ciência da Computação e Engenharia Elétrica, pelo Enade. Além disso, também obtém o recente título de instituição brasileira que mais depositou registro de patentes junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI).

Campus da UFCG, onde fica o Centro de Ciência e Tecnologia, em Campina Grande

Marinilson Braga/UFCG

Todo este cenário, segundo o professor, colabora no desenvolvimento dos alunos, que têm oportunidade de participar de importantes projetos ainda na graduação, e também coloca Campina Grande em um patamar de destaque na ciência e tecnologia mundial.

“Há tradição aqui. Há um histórico amplo de formação em tecnologia, engenharia e computação. Ao mesmo tempo, temos isso aliado com formação prática, porque os alunos que estudam aqui têm tido uma vivência prática em projetos de pesquisa, convênios com empresas reais. Eles trabalham bastante com coisas práticas e aprendem com isso, saem prontos pro mercado, saem na frente", explica Tiago Massoni.

Outro fator chave para o destaque dado a tecnologia campinense é o networking, ou seja, a rede de contatos criada por profissionais da cidade. Isso porque, ainda de acordo com o especialista, o mercado da tecnologia lida com a falta de profissionais, e quando encontra pessoas qualificadas, também passa a se interessar pelos demais a partir da proximidade geográfica.

“Ao mesmo tempo que a gente tem uma boa formação, os alunos acabam se destacando e o local se torna visado pelas empresas. Um ex-aluno que vai pra uma grande empresa e tem um bom desempenho, desperta interesse naquele local. As empresas se perguntam: "quem mais pode vir de lá?", e a partir da formação, acaba se criando uma rede de contatos que espalha o nome do local e o torna visado", conclui.

Sob supervisão de Jhonathan Oliveira*

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Fonte: G1/PB
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