Jornalismo
Quanto ao mundo do trabalho, Burgos citou, no Brasil, o exemplo do jornalismo que sempre foi feito nas ruas e está sendo mantido em um novo formato. Segundo ele, o Estadão e a Folha de São Paulo estão conseguindo alimentar informações para os cidadãos mesmo com quase a totalidade dos profissionais em casa. "Tem uma certa ideia dentro do jornalismo, de que o bom jornalismo gasta sola de sapato. Que você tem que ir para a rua. A gente está impossibilitado de fazer isto e sem a internet hoje seria muito difícil", disse.
Para ele, o trabalho em casa, através do uso de ferramentas e plataformas virtuais, tem permitido acesso à personalidades que teriam agendas mais restritas. "[A internet] tem possibilitado não só manter o trabalho de informar as pessoas, mas também expandir um pouco quem você consegue ouvir. Você consegue, às vezes, chegar a gente que você não conseguiria chegar com relativa presteza. Tem sido um momento interessante para repensar formas, repensar o trabalho de diversas formas e o jornalismo não é diferente neste sentido", avaliou.Empresas e negócios
Na conversa com a jornalista Katiuscia Neri, Burgos ainda destacou que todo esse movimento pode levar muitas empresas e negócios a repensarem custos, com estruturas físicas. "Você fazer as pessoas trabalharem em casa tem feito repensar onde é possível cortar custos. Talvez não seja pagando menos para as pessoas, mas sim usando menos espaço físico", disse.
Apesar de bons resultados, o jornalista lembra que, em alguns casos, os profissionais, estando em casa, têm que assimilar outras funções paralelamente ao trabalho. No caso de pais, por exemplo, muitos tiveram que assumir parte das funções de professores de seus filhos. Para que a dinâmica funcione, segundo ele, é preciso balancear essa agenda e definir claramente cada função.
No quesito educação, Burgos destaca que será a área mais afetada pela mudança de comportamento com maior uso de ferramentas da internet. "O que talvez a gente veja, no médio prazo, seja uma consolidação de cadeias maiores, com mais capacidade de produzir cursos a distância bons e baratos vencendo instituições medianas que dão aulas físicas", avaliou.