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Elba Ramalho, Cantora natural de Conceição/PB, Completa 70 anos e quase 50 anos como estrela da MPB

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

17/08/2021 às 08:14:23 - Atualizado há

Elba Maria Nunes Ramalho, ou simplesmente Elba Ramalho, nasceu no dia 17 de agosto de 1951, na cidade de Conceição, no alto sertão da Paraíba, no Vale do Rio Piancó. Ela é compositora, cantora, multi-instrumentistas e atriz.

Sua primeira experiência musical veio em 1968, tocando bateria no conjunto feminino "As Brasas". Posteriormente, o grupo se transformou de musical para teatral. Contudo, Elba continuou a cantar e a participar de festivais pelo Nordeste brasileiro. Em 1979, lançou seu primeiro álbum, "Ave de Prata", e desde então consolidou-se como uma das principais cantoras brasileiras em atividade.

Possui dois Grammy Latino pelos álbuns: Qual o Assunto Que Mais Lhe Interessa?, lançado em 2008 e Balaio de Amor, 2009, na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras: Regional e Tropical. Em mais de 35 anos de carreira, Elba Ramalho vendeu mais de 10 milhões de discos. Recebeu da Associação de Críticos de Arte de São Paulo prêmio de "Melhor Show do Ano", em duas ocasiões: em 1989 pelo show Popular Brasileira e em 1996 pelo show Leão do Norte.

Elba Ramalho nasceu na zona rural de Conceição, no Vale do Piancó. Em 1962, a família se mudou para a cidade de Campina Grande, também na Paraíba. O pai se tornou proprietário do teatro local. Filha de músico, despertou o que a fez se interessa por música ainda na adolescência. É prima paterna do cantor Zé Ramalho.

Elba foi abandonada grávida aos vinte e dois anos, em 1973, por seu primeiro namorado, um rapaz de vinte e três anos. Desesperada, estava com medo da reação dos seus pais em ter uma filha mãe solteira, além de dificuldades financeiras para criar um filho sozinha. Elba, que ainda vivia em Campina Grande, no interior da Paraíba, viajou até o Recife, na capital de Pernambuco, onde procurou uma clínica clandestina, e lá realizou um aborto, aos dois meses de gestação. Era sua primeira gravidez. Em entrevistas disse que até hoje arrepende-se muito do que fez. Informou que teve fortes dores e hemorragia durante o procedimento, o que gerou posteriormente sua dificuldade de engravidar. A artista escondeu esse assunto de sua família, e só o revelou em 1997 à Revista Veja, onde informou que não tomaria essa atitude novamente, mesmo se não quisesse o filho.

Decidida a procurar melhores oportunidades profissionais, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1974, cidade onde vive até hoje. Em 1983 iniciou um namoro com o ator e cantor Maurício Mattar, treze anos mais jovem. Em 1985 casaram-se em uma cerimônia civil. Elba queria engravidar, mas não estava conseguindo. Após dois anos realizando tratamentos hormonais, conseguiu ter um filho, a quem batizou de Luã Ramalho Mattar. Após sofrer algumas hemorragias em sua gravidez, necessitando ficar de repouso, seu filho nasceu prematuro aos 8 meses de gestação, em 24 de junho de 1987, na clínica Santa Clara, em Campina Grande, Paraíba, na noite de Festa de São João, em que Elba cantou para uma multidão de pessoas, junto com Luiz Gonzaga e Dominguinhos. O médico responsável pelo parto normal de Elba foi o Dr. João Figueiredo do Amaral. Após o nascimento de Luã, e o término das festas juninas, Elba foi se apresentar na Europa e depois voltou ao Rio com Maurício e o filho. O casal divorciou-se em 1990, e até hoje mantém uma relação amigável.

Em entrevistas revelou que desde 1990 faz exercícios físicos diariamente, onde tornou-se vegetariana e praticante de ioga e meditação, informando que estas práticas mantém sua alegria de viver, equilíbrio e beleza.

Em 1996 a cantora foi homenageada pela escola de samba Vizinha Faladeira no carnaval carioca, com o enredo Elba popular brasileira.

Foi casada com o modelo Gaetano Lopes, vinte e cinco anos mais novo, de 1996 a 2008. Eles foram apresentados por um amigo em comum, Sérgio Matos, em 1996, e após dois meses de amizade, se apaixonaram, e terminaram seus outros relacionamentos e foram morar juntos nesse mesmo ano.

O casal oficializou a união em uma cerimônia civil em 2003, e em 2008, Elba, por ser bem católica, realizou o sonho de casar-se vestida de noiva, com as bênçãos de um padre: Casaram-se no religioso, na Igreja São Batista, em Trancoso, na Bahia. Elba possui uma mansão nessa cidade desde 1980, e até hoje faz festas nessa residência, reunindo amigos e familiares.

Oito meses após o casamento religioso, Elba e Gaetano divorciaram-se.

Elba e Gaetano têm duas filhas: Maria Clara, adotada em 2002, e Maria Esperança, adotada em 2007. Elba, apesar de já ter filho biológico, sempre teve o sonho de adotar e também não conseguiu engravidar novamente após o nascimento do filho e sonhava ter uma menina; seu marido Gaetano era estéril, e também queria ser pai.

Já divorciada de Gaetano, Elba adotou outra menina, Maria Paula, em 2008. Ela já conhecia a família da menina antes de a criança nascer. O processo de adoção foi mais difícil, por estar solteira e já ter adotado outras duas filhas, mas ela conseguiu dar mais uma irmã a suas outras Marias. A artista colocou o nome de Maria em todas as filhas como homenagem a Maria, mãe de Jesus, de quem é muito devota.

Após o divórcio, começou a namorar o sanfoneiro Cezinha, trinta e três anos mais jovem. O relacionamento durou dois anos, terminando em 2010. Logo após o fim do relacionamento, a artista foi diagnosticada com câncer de mama, e após realizar quimioterapia e radioterapia, curou-se em 2012.

Em entrevistas revelou que era constantemente agredida por seu ex-namorado Cezinha, que era alcoólatra e muito ciumento, revelando que foi perseguida por ele durante mais de um ano, pois o mesmo não aceitava a separação.

Desde o término de seu namoro, mantêm relacionamentos casuais com homens anônimos e famosos, mas não assumiu nenhum relacionamento sério para a mídia.

Em janeiro de 2021, Elba se envolve em polêmica ao afirmar que o COVID-19 e sua respectiva pandemia teria sido criado na china por comunistas com intuito de perseguir e matar cristãos e conservadores, essa sua afirmação deu muita repercussão, gerando um impacto e desconforto entre a cantora e colegas da classe artística. Logo após o incidente polêmico, Elba pede desculpas pela associação equivocada, alegando que fez no teor da emoção e que foi interpretada errada.

De direita e conservadora, Elba recebe convite para integrar um projeto social ao lado da Michelle Bolsonaro que faz parte do ministério da cidadania, mas após uma grande repercussão em torno da notícia gerando até desconforto com colegas da classe, entre eles o ator José de Abreu que a criticou e a cantora Daniela Mercury que afirmou que Elba deveria ter coragem em posicionar mais sua viés política (desfazendo uma amizade de mais de vinte anos entre as artistas), a cantora acaba por recusar o convite da primeira dama, afirmando problemas de agenda e que era um projeto que deveria ter total dedicação, algo que no momento ela não poderia, já que viaja muito para fazer shows.

Elba é muito católica e com isso defende a sua fé de maneira única, a prova disso foi quando a cantora criticou a parada do orgulho gay, quando uma trans se fantasiou de jesus crucificado para passar a mensagem que o povo trans também são "crucificados" pela sociedade quando são preconceituosos ,Elba afirma que a parada serve apenas como um antro de zombaria de cultos e símbolos religiosos e que os militantes LGBT são radicais, onde eles praticam a intolerância religiosa e que para conseguirem respeito e liberdade, eles tentam aprisionar a liberdade do outro.

Em 2015 a cantora Elba foi acusada de intolerância religiosa, ao afirmar que escutou o demônio ao entrar em um terreiro de candomblé, a comunidade afro religiosa imediatamente repudiou as falas de Elba, alegando que a cantora desconhecia a cultura afro do país e que Exú não era o diabo, como a cantora tinha afirmado em uma missa transmitida pela canção nova. Elba pediu desculpas a comunidade afro religiosa pela fala proferida e que se sentiu muito machucada por ter tido um ato de ignorância que machucou seus semelhantes.

Elba Ramalho tornou-se avó de Esmeralda Mezkta Ramalho Mattar em 16 de abril de 2020, filha de Luã, cantor e compositor, com Amanda, modelo. A menina nasceu prematura de oito meses, vinda ao mundo de parto normal, no Rio de Janeiro.

Carreira

Em 1996, recebeu o prêmio de Melhor show do Ano, pela Associação de Críticos de Arte de São Paulo.

Em 2008, Elba comemorou trinta anos de carreira, contabilizando mais de seis milhões de cópias vendidas dos trabalhos.

É bicampeã do prêmio Grammy Latino, pelos discos: Qual o Assunto Que mais Lhe Interessa?, lançado em 2007 e Balaio de Amor, lançado em maio de 2009, na categoria Melhor Álbum de Raízes Brasileiras - Regional e Tropical.

Década de 1970

Em 1966, participou, pela primeira vez, de uma apresentação no palco, no Coral da Fundação Artística e Cultural Manuel Bandeira, do qual fazia parte, com "Evocação do Recife". Os Corais Falados Manuel Bandeira e Cecília Meireles ganharam fama e passaram a ser vistos por todo o Nordeste, com destaque para as apresentações da futura cantora. Protagonizou as montagens poéticas de Castro Alves, Thiago de Mello, Lindolfo Bell, Carlos Pena Filho e Figueiredo Agra. Participou das montagens das peças "Ministro do Supremo" e "Diálogo das Carmelitas".

Em 1968, enquanto cursava a faculdade de Economia e Sociologia na Universidade Federal da Paraíba, formou o conjunto As Brasas, no qual atuou como baterista, que posteriormente se transformou em grupo teatral. Contudo, Elba não deixou de cantar, e se apresentou em diversos festivais pelo Nordeste.

Em 1974, Elba mudou-se para o sudeste do país, mas precisamente a cidade do Rio de Janeiro, para ter mais destaque na carreira, a pedido de Roberto Santana, produtor de Chico Buarque e Caetano Veloso, chegando ao Rio com o grupo Quinteto Violado, para apresentar como crooner durante uma temporada na cidade. No mesmo ano, participou da peça Viva o Cordão Encarnado, em parceria com o grupo teatral Chegança, de Luís Mendonça, sendo aclamada pela crítica por conta da hiperatividade no palco, o que se tornaria a principal característica.

Elba fez a primeira apresentação nos palcos, juntamente com o coral da Fundação Artística e Cultural Manuel Bandeira.

Negou-se a voltar para o Nordeste, onde abandonou o curso universitário e, na capital fluminense, se estabeleceu como atriz teatral, sempre interpretando papéis ligados à música. Sem qualquer apoio ou recurso financeiro, passou a frequentar o Baixo Leblon, onde conheceu artistas como Alceu Valença e Carlos Vereza. Em 1977, atuou no filme Morte e Vida Severina, inspirado na obra homônima do autor pernambucano João Cabral de Melo Neto. No ano seguinte pertenceu ao elenco da peça de Chico Buarque, Ópera do Malandro, dirigida por Luís Antônio Martinês Correia, na qual interpretou a prostituta Lúcia. Ainda enquanto atriz, foi vencedora de um prêmio pela interpretação da canção O meu amor, com a atriz Marieta Severo.

A peça Ópera do Malandro foi lançada numa época em que a poética de Chico Buarque estava "afiadíssima". Elba Ramalho foi presença de grande destaque, o que impulsionou a carreira de atriz e cantora. Diante disso, Chico Buarque inseriu uma gravação O Meu Amor, interpretada por Elba e pela então esposa Marieta Severo, para o disco autointitulado, lançado em 1978, e também no álbum duplo da peça, lançado no ano seguinte. A canção foi um grande sucesso, e por isso mesmo, mereceu também um dueto das cantoras Alcione e Maria Bethânia no antológico álbum Álibi, da última, lançado naquele mesmo ano de 1978.

Elba investiu na carreira de cantora e gravou o primeiro álbum, lançado pela extinta CBS (atualmente Sony Music) — numa época em que a gravadora investiu muito em artistas nordestinos, em 1979, intitulado Ave de Prata, com destaque para a faixa-título e as canções Canta coração e Não sonho mais, esta última composta por Chico Buarque para a trilha sonora do filme A República dos Assassinos. O trabalho contou com diversas participações especiais de músicos e compositores consagrados, casos de Dominguinhos, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Novelli, Vinícius Cantuária, Sivuca, Robertinho de Recife, Nivaldo Ornelas e Jackson do Pandeiro — parcerias que perduram até os dias atuais.

Anos 80

A partir de então, o sucesso apareceu de forma gradual, embora ela própria considere que o teatro esteja presente em todos os espetáculos, sendo o grande responsável pela força cênica peculiar. As apresentações também obtiveram relevante sucesso em teatros internacionais, como o Olympia de Paris, o Blue Note de Nova Iorque, o Brixton Academy, de Londres e o Festival de Montreux, na Suíça. O repertório se manteve eclético durante todo esse tempo, trazendo canções típicas do nordeste brasileiro, baladas românticas, rocks, sambas e até o blues norte-americano.

Em 1980 gravou o segundo LP, Capim do vale, que trouxe canções de compositores nordestinos antigos e contemporâneos, apresentando um repertório regional, com destaque para a faixa-título e as canções Banquete dos signos, Porto da saudade, Caldeirão dos mitos e Veja (Margarida), e fez a primeira turnê internacional, na África. No ano seguinte, lançou o disco Elba, o último para a gravadora CBS, com arranjos de Miguel Cidras e José Américo Bastos, que não obteve maior repercussão; destaque para as canções Temporal e Cajuína, e duas faixas somente de voz e violão — O pedido e Eu queria. No mesmo ano, em 4 de julho, apresentou-se no Festival de Montreux, na já tradicional noite brasileira. O show foi gravado e, em seguida, trechos da apresentação foram incluídos no álbum coletivo Brazil Night Montreux 81, (que também tinha trechos dos shows dos cantores Toquinho e Moraes Moreira). Lançado pela gravadora Ariola, contém as músicas Baião, Tudo azul e a primeira gravação — ao vivo — de Bate coração, xote que a colocou definitivamente em evidência. Por não ser um disco de carreira e devido ao grande sucesso, Elba regravou a música em estúdio e a incluiu no trabalho do ano seguinte.

O primeiro time da MPB

Em 1982 transferiu-se para a extinta gravadora Ariola/Barclay (atualmente Universal Music), marcando o início da fase de maior popularidade na carreira, disputando a parada de sucessos daquele ano com outras cantoras como Gal Costa, Simone, Rita Lee, Beth Carvalho, Baby Consuelo, Amelinha e Clara Nunes. O trabalho que marca a estreia nessa gravadora — Alegria, produzido por Aramis Barros com direção artística de Mazzola —, vendeu mais de 300 mil cópias, lhe rendendo o primeiro disco de ouro, emplacando nas paradas de sucesso os forrós Bate coração, Amor com café (ambos de Cecéu) e No som da sanfona, de autoria de Jackson do Pandeiro, que também tocou pandeiro na faixa e viria a falecer em 10 de julho daquele ano; também se apresentou na Suíça, Portugal, Israel e ainda participou da série Grandes Nomes (TV Globo), ao lado de Alceu Valença. Sobre a escolha de Bate coração, lançada por Marinês no ano anterior, Elba comenta: Um primo meu, médico, o Ari Viana, pesquisava muito as músicas da Marinês, que era meu ídolo, e me mandava para eu ouvir. Numa dessas, esbarrei com o Bate coração e resolvi cantar.

O álbum também trouxe arranjos do maestro José Américo Bastos e canções de Lula Queiroga (Essa alegria — Caboclinhos), Alceu Valença (Chego já), Vital Farias (Sete cantigas para voar, com arranjo e violão do próprio) e Geraldo Azevedo (Menina do lírio, gravada em dueto com o autor). A partir deste álbum, que lhe garantiu seus primeiros discos de ouro e platina, o sotaque estava menos carregado, ao contrário dos três primeiros discos. Em seguida, houve o espetáculo homônimo, o primeiro que foi muito elogiado pela imprensa, pois rompeu com a estética do rústico e do sombrio que norteava as apresentações de muitos de seus conterrâneos na música brasileira; neste, já havia um cenário de figurinos exuberantes, combinações de luzes e cores e o clima festivo das ruas nordestinas. Sobre o espetáculo, Elba declarou: Mostro meu lado teatral desde o meu primeiro show, Ave de prata, mas o Alegria foi a afirmação disso. Foi meu primeiro espetáculo muito elogiado pela imprensa. Trata-se também de um show com efeitos teatrais, com Elba interpretando personagens que havia feito anos antes em peças de teatro, como Mateus e Catarina. No repertório deste, destaque para a canção Deixa escorrer, de Caetano Veloso sobre poema de Mayawowski, que a censura vetara a inclusão no LP.

Em 1983 lança o elogiadíssimo álbum Coração Brasileiro, que contou com a produção de Mazzola e arranjos de Lincoln Olivetti (Banho de cheiro e Vida e carnaval), Luiz Avellar (Toque de fole e Batida de trem), César Camargo Mariano (Ave cigana, Canção da despedida e A volta dos trovões), Francis Hime (Se eu fosse o teu patrão), o grupo A Cor do Som (Chororô), Severo (Roendo unha) e Zé Américo (Ai que saudade d'ocê).

Os maiores êxitos do repertório foram as canções: Banho de cheiro (frevo de Carlos Fernando e faixa de abertura do álbum), o xaxado Toque de fole (Bastinho Calixto e Ana Paula) — primeira faixa a estourar nas rádios —, a toada Canção da despedida (parceria bissexta de Geraldo Azevedo e Geraldo Vandré, censurada durante a ditadura militar) e o xote Ai que saudade d'ocê (Vital Farias). O disco contou com as participações especiais de Chico Buarque, os grupos Céu da Boca e Roupa Nova, e o guitarrista Robertinho de Recife nas faixas Se eu fosse o teu patrão — composta por Chico para a peça A Ópera do Malandro —, A volta dos trovões (Bráulio Tavares e Fuba) e Vida e carnaval (Moraes Moreira e Aroldo), respectivamente. Na faixa Toque de fole inclusive, contou com a participação especial dos sanfoneiros Sivuca, Severo e Zé Américo. A faixa-título, de autoria do mineiro Celso Adolfo, aparecia apenas como uma vinheta de 15 segundos; apesar de constar no encarte com a letra completa, somente os primeiros versos eram cantados, à capela: No meu coração brasileiro / Plantei um terreiro / Colhi um caminho / Armei arapuca / Fui pra tocaia / Fui guerrear.

O trabalho consagrou definitivamente a cantora e conquistou discos de ouro e platina, e originou o espetáculo homônimo aclamado pela crítica especializada, realizado na casa carioca de espetáculos Canecão, bateu pela primeira vez os recordes de público ali registrados nos shows de Roberto Carlos; foram 97 mil pessoas em dez semanas, traduzidas em 44 apresentações, com ingressos esgotados duas semanas antes do término da temporada. Elba foi capa da Veja na edição de 30 de novembro, sendo considerada pela revista a maior estrela da música brasileira em 1983, cuja manchete de capa era O brilho da estrela, que dizia: Depois do sucesso no Canecão e da semana de seu especial na TV Globo, Elba Ramalho se reafirma como figura única no mundo do espetáculo. A cantora foi também tema do especial de fim de ano da Rede Globo, exibido na sexta-feira, 2 de dezembro de 1983.

Em relação às fotos teatrais da contracapa, foi uma ideia do diretor Naum Alves de Souza, de rebobinar personagens que Elba havia interpretado em espetáculos ao longo da carreira; o anjinho e o leque da capa, presentes da amiga Marieta Severo, que por sinal lhe apresentou ao diretor. No ano seguinte, a Polygram alemã decidiu que seria o primeiro trabalho solo de um artista brasileiro a ser lançado internacionalmente em CD - três anos antes de o formato começar a ser comercializado no Brasil com artistas nacionais, por meio da série Personalidade.

Prosseguiu com o álbum Do jeito que a gente gosta (1984), produzido por Mazzola e lançado num momento em que a cantora estava no auge do sucesso. O repertório deste, escolhido a quatro mãos com o produtor, apresentou grande versatilidade de ritmos, com destaque para dois forrós nordestinos, puxados a sanfona e zabumba: a faixa-título (Severo e Jaguar) e Forró do poeirão (Cecéu); da cultura pernambucana, dois frevos — Moreno de ouro (Carlos Fernando e Geraldo Amaral) e Energia (Lula Queiroga) e um maracatu (Toque de amor de João Lira e José Rocha); baladas românticas, como Calmaria (do maestro Zé Américo, com Salgado Maranhão) e Amor eterno (de Tadeu Mathias e Ana Amélia, inspirada em um soneto de Shakespeare), que integrou a trilha sonora da novela global Livre para Voar, de Walther Negrão, uma toada mineira, a faixa de abertura Azedo e mascavo (Celso Adolfo) e, encerrando o disco em tom de protesto, a provocativa Nordeste Independente (Imagine o Brasil) (Bráulio Tavares e Ivanildo Vilanova), gravada ao vivo no espetáculo inspirado no trabalho anterior, e um dos momentos de maior sucesso do espetáculo, mas que não havia entrado no disco Coração brasileiro. Esta canção teve a execução pública proibida à época de lançamento do disco, e o LP foi vendido com um lacre vermelho, escrito que era proibida a radiodifusão dessa música. Elba comenta: Foi um fato que chamou a atenção, pois eu estava no auge e aquilo causou muita notícia e curiosidade do público. Os arranjos ficaram a cargo de José Américo Bastos, César Camargo Mariano (Azedo e mascavo e Amor eterno) e Lincoln Olivetti (nos frevos).

O trabalho seguinte, Fogo na mistura (1985), produzido por Mazzola e o último da fase de maior popularidade da carreira, nasceu num período de efervescência política no Brasil, graças à campanha pelas Diretas Já, processo iniciado no ano anterior, e que atingiu o clímax quando Tancredo Neves foi eleito para presidente no Colégio Eleitoral. Elba se engajou nessa campanha e participou de diversos atos em prol da liberdade política e artística. Isto se reflete em letras politizadas como a da faixa-título e o frevo Pátria amada, a faixa de encerramento, que integrou a trilha sonora do filme homônimo de Tizuka Yamazaki. Sobre essa época, Elba revelou em entrevista a Rodrigo Faour: Tive uma vivência política quando era universitária. Fui presidente do diretório de estudantes, depois vivi bem de perto o final da ditadura, vi 'amigos sumindo assim', como dizem os versos de Gilberto Gil. Em meu trabalho, independente de ideologia — nunca gostei nem de comunistas —, sempre tive uma preocupação em tocar na questão social. Acho importante. Por isso, também participei da campanha das eleições diretas e cheguei a ser amiga de Tancredo Neves.

Fonte: Fidelis Mangueira / Wikipédia
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