G1
Ministério da Educação determinou retorno de aulas presenciais nas universidades federais a partir de 4 de janeiro. Reitores e associações de alunos disseram que medida traz riscos de contaminação por coronavírus. O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, chamou de "hipocrisia" a recusa de reitores e associações de estudantes em retomar as aulas em universidades federais em meio à pandemia de Covid-19. Mourão falou com jornalistas ao chegar ao Palácio do Planalto nesta quinta-feira (3). O Ministério da Educação determinou a volta às aulas a partir de 4 de janeiro de 2021. A decisão foi mal recebida em todo o país pela comunidade acadêmica, que argumentou que a prioridade deve ser salvar vidas e que o retorno neste ponto da pandemia traz riscos a professores, alunos e servidores. Para Mourão, as pessoas que não querem voltar às aulas são as mesmas que estão frequentando bares e restaurantes."Isso é um assunto controverso, porque acho que até tem certa hipocrisia. As pessoa saem para a rua, vão para bares, restaurantes, mas não podem ir para aula", disse o vice-presidente. "A mesma turma que não quer voltar para aula, vai para balada, vai parar bar. Então, vamos ser coerente nas coisas", completou. Mourão disse ainda que, na opinião dele, é possível retomar as aulas com segurança. "Lá no Espírito Santo eles estão com aula presencial. Vai metade da turma num dia, metade no outro, de modo que você tenha o distanciamento na sala de aula. Com boa vontade e a gente consegue", concluiu. MEC determinou o retorno às aulas presenciais nas universidades federais em janeiroReaçãoReitores defendem que o retorno presencial só deve ocorrer se a situação local da pandemia permitir, e se houver segurança para garantir que não haja aumento nas transmissões do coronavírus."A Universidade de Brasília reitera que não colocará em risco a saúde de sua comunidade", afirmou a instituição, em nota.Vice-reitor da Universidade Federal do ABC (UFABC), Wagner Carvalho disse: "Acho que nós estamos vivendo claramente uma segunda onda. Não é possível a gente colocar em risco toda a nossa comunidade".Em nota, a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e a Associação Nacional dos Pós-Graduandos (ANPG) disseram que a portaria é uma "atitude irresponsável, equivocada e que atenta contra a vida do povo brasileiro.""A retomada de atividades presenciais significaria uma verdadeira migração de milhões de estudantes, que em grande parte se encontram em regiões e/ou municípios distantes de seu local de estudo. Somado à circulação cotidiana em ambientes fechados nos campi e prédios das universidades, os riscos de contaminação e proliferação do vírus são altíssimos", afirmou o texto.Procurada pelo G1, a Andifes, associação que representa os reitores das universidades federais, afirmou que só vai se posicionar após reunião com os reitores.O Conif, conselho que representa dos dirigentes dos institutos federais de ensino, afirmou em nota que a portaria foi publicada "sem nenhuma espécie de diálogo com as Instituições Federais de ensino, especialmente em meio a um novo crescimento dos casos da doença no Brasil" e classificou como um ato "arbitrário", que desrespeita a autonomia das universidades e institutos de ensino.