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Por que o assassinato do principal cientista nuclear iraniano é atribuído a Israel?

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

01/12/2020 às 07:10:39 - Atualizado há
Governo Netanyahu incrementa campanha militar nos últimos dez anos para enfraquecer programa nuclear de Teerã e evitar que regime desenvolva armas atômicas. Cerimônia de enterro de Mohsen Fakhrizadeh em Teerã, nesta segunda (30)

Reuters/Hamed Malekpour/WANA

A emboscada que matou Mohsen Fakhrizadeh, apontado como o principal cientista nuclear iraniano, foi rapidamente atribuída a Israel, que, apenas por não negar, dá indícios de seu envolvimento. Parece déjà vu e enredo de série, mas em dez anos o Irã acusou o Mossad (serviço de inteligência israelense) pela morte de cinco de seus projetistas de ogivas nucleares, quatro deles entre 2010 e 2012.

O padrão destas operações -- assassinatos seletivos em território iraniano -- segue um preceito difundido pelo governo de Benjamin Netanyahu: Israel não tolerará que o regime dos aiatolás desenvolva armas nucleares e deve ser capaz de defender-se. A campanha militar contra o Irã pretende enfraquecer o inimigo antes que ele fique forte.

O próprio premiê sustentou a tese, insinuando, na semana passada, num vídeo postado nas redes sociais, que não pode contar tudo sobre as ações de Israel. O assassinato do cientista, na última sexta-feira, tem versões distintas e espetaculosas: por um ataque acionado por uma metralhadora operada remotamente, segundo a agência de notícias Fars, ou por um esquadrão de 12 homens que surgiram armados depois que um veículo foi detonado.

O fato é que, por bombardeio ou tiroteio, a morte de Fakhrizadeh, enterrado como mártir, ressoa como mais uma humilhação ao regime teocrático e alimenta novas ameaças de retaliação a Israel. O timing coincide também com a eleição de Joe Biden nos EUA e pode ser mais uma artimanha israelense para frear os planos de retomada das negociações com o Irã sobre o acordo nuclear.

Por pressão de Israel, em 2018, o presidente Trump retirou o país do pacto firmado entre Irã e seis potências que visava a limitar programa nuclear em troca do alívio das sanções. Como consequência, o regime abandonou o compromisso de limitar o enriquecimento de urânio.

Foto divulgada pela agência semi-oficial Fars mostra local onde o cientista iraniano Mohsen Fakhrizadeh foi morto na sexta-feira (27)

Fars News Agency via AP

Nos últimos dois anos, Israel tem sido vinculado a tentativas de minar ou desacelerar o programa nuclear iraniano. Numa delas, após a invasão de um depósito nos arredores de Teerã, foram roubados dezenas de milhares de documentos secretos.

Netanyahu afirmou, num discurso na Assembleia Geral da ONU em 2018, ter identificado “um armazém atômico secreto” em Teerã com equipamento nuclear e material radioativo, e condenou a postura branda de líderes europeus por se oporem a sanções ao regime.

Várias explosões registradas este ano em depósitos e bases militares nos arredores de Parchin, Natanz e Isfahan foram atribuídas a Israel. Como sempre, o governo não confirmou nem negou.

As operações remetem à ficção, retratada recentemente na série “Teerã” (Apple TV+): uma agente do Mossad tenta desativar a energia que alimenta os sistemas de defesa antiaérea do Irã para que os caças israelenses possam bombardear uma usina nuclear.

A série foi ao ar em julho em Israel, praticamente ao mesmo tempo em que ocorriam as explosões no Irã, deixando o espectador ainda mais perto da realidade.

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Fonte: G1
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