Criado formalmente em 1961, o Programa Mundial de Alimentos da ONU venceu o Nobel da Paz em 2020. O programa arrecadou US$ 7,2 bilhões em 2018 e atendeu 86,7 milhões de pessoas. No Congo, pessoas aguardam para receber comida do Programa Mundial de Alimentos da ONU, em imagem de 2012
Jerome Delay/AP
Mais de 300 mil pessoas ficaram desabrigadas no Líbano depois da megaexplosão que aconteceu em um terminal do Porto de Beirute, em agosto de 2020. O país já enfrentava uma crise econômica e os efeitos da Covid-19.
O Programa Mundial de Alimentos da ONU decidiu reforçar sua presença lá. O órgão levou 12,5 toneladas de farinha de trigo, para tentar estabilizar a oferta do ingrediente e baixar o preço do pão.
Depois de um acordo com o Ministério da Economia e Comércio, as padarias aumentaram o tamanho dos pacotes de pães em mais de 10%, sem subir o preço.
Programa Mundial de Alimentos da ONU ganha Nobel da Paz
Organizações não governamentais que receberam apoio da entidade distribuíram refeições para mais de 3.000 pessoas por dia --não só para afetados, mas também aos libaneses que foram empregados na limpeza dos escombros.
O Programa Mundial de Alimentos
O Programa Mundial de Alimentos da ONU, com sede em Roma, atua em situações como a do Líbano: dá comida às vítimas de conflitos, enchentes, secas, terremotos e também pandemias.
Sede do Programa Mundial de Alimentos da ONU, em Roma, em imagem de 9 de outubro de 2020
AP
O órgão tem um corpo de 17 mil funcionários. Em 2018, conseguiu arrecadar US$ 7,2 bilhões.
Formalmente, foi criado em novembro 1961. O Programa nasceu de uma iniciativa de um presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower, que entendeu que faria sentido usar o sistema da ONU para distribuir alimentos.
Hoje, a entidade diz ser a maior organização do mundo para eliminar a fome.
O diretor-executivo atual do Programa é o americano David Beasley. Ele é do Partido Republicano e já foi governador da Carolina do Sul duas vezes.
Reprodução de vídeo mostra David Beasley, o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos da ONU, em 9 de outubro, depois de receber a notícia sobre a premiação do Nobel da Paz
Reprodução/Via AP
Não há atuação direta do órgão no Brasil, mas ele tem representações em países vizinhos, como Colômbia, Bolívia e Peru, além do Equador, que também é da América do Sul.
Pandemia de Covid-19
Cerca de 135 milhões de pessoas tiveram problemas graves com falta de alimentação em 2019, de acordo com o órgão.
Em 2020, o número pode ser quase o dobro, apontam as estimativas da entidade.
Em entrevista ao "New York Times", Arif Husain, o economista chefe do órgão disse que o cenário já não era favorável no começo do ano, mas com a pandemia, o mundo está em território desconhecido. "Nós nunca vimos algo assim antes", afirmou ele.
O Programa teve que se adaptar, porque, com a Covid-19, o transporte virou um desafio maior.
O órgão tem se disposto a ajudar os governos de diferentes países a pensar em estratégias de resposta às consequências da pandemia.
Imagem de funcionários do Programa Mundial de Alimentos da ONU no Iêmen, em setembro de 2018
Hammadi Issa/AP
Em 68 países, o Programa ajudou a criar alternativas à merenda escolar --o órgão estabeleceu programas de transferência de dinheiro em notas, vale-alimentação e entrega de refeições.
O programa em números
Equipe global: 17 mil pessoas;
Operação: 5,6 mil caminhões, 20 navios e 92 aviões movimentados por dia, em média;
Financiamento: US$ 7,2 bilhões arrecadados em 2018, totalmente financiados voluntariamente;
Atendidos: 86,7 milhões de pessoas em 83 países;
Merendas: 16,4 milhões de crianças as recebem, em 60 países diferentes;
Transferência de dinheiro: US$ 1,76 bilhão;
52% dos que recebem assistência são mulheres ou crianças
n