Jornalista foi capturado enquanto fazia reportagens investigativas em região ocupada por grupo pró-Rússia. Ucraniano descreve tortura em prisão controlada por separatistas pró-Rússia
O jornalista investigativo ucraniano Stanislav Aseyev passou mais de dois anos detido em uma prisão secreta na região de Donbass — que, formalmente, pertence à Ucrânia, mas que foi ocupada por separatistas pró-Rússia em 2014.
Em entrevista à emissora alemã Deutsche Welle, Aseyev conta que os separatistas que controlavam o presídio torturavam e abusavam sistematicamente de ucranianos detidos. Veja no VÍDEO acima.
"O procedimento é o mesmo para todos: um porão com uma mesa de metal. Eles retiram as roupas das pessoas, depois as amarram firmemente à mesa com fita adesiva", relatou Aseyev. Segundo o jornalista, médicos participavam das sessões de tortura.
Pró-russo patrulha rua da cidade de Makiivka, na região de Donetsk, em dezembro de 2014
Reuters/Maxim Shemetov
"Normalmente, um fio é preso aos órgãos genitais, um segundo eletrodo pode ser introduzido no ânus — esta é a parte mais cruel. Todos nós ouvimos os gritos, e podíamos até dizer pelos berros onde os fios foram colocados."
Como o controle do presídio está nas mãos de separatistas, organizações internacionais não têm acesso à prisão. Os grupos que controlam a região negam as acusações.
A tensão entre Rússia e Ucrânia, dois países que integravam a União Soviética, aumentou em 2014 com a tomada da Crimeia por Moscou e com os movimentos separatistas levantados por russos que vivem no leste ucraniano. Nas regiões de Donetsk e Luhansk, os confrontos entre forças de Kiev e milícias pró-Rússia continuam.