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Reitora reeleita da UnB, Márcia Abrahão quer 'equilíbrio no orçamento das universidades' e tenta frear possível corte do MEC

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

13/09/2020 às 06:49:04 - Atualizado há
Ao G1, gestora falou sobre impactos da pandemia na educação, expansão do ensino à distância e planos para novo mandato. Entre os planos, está continuar investindo em pesquisa; leia entrevista. Reitora da Universidade de Brasília, Márcia Abrahão, em entrevista ao Bom dia DF

TV Globo/Reprodução

Em meio à pandemia do novo coronavírus e à possíveis cortes orçamentários, a reitora da Universidade de Brasília (UnB), Márcia Abrahão, reeleita em agosto, traça planos para conduzir a instituição pelos próximos anos. A gestora afirma que pretende investir em pesquisas, expandir o ensino à distância e planejar, "com cuidado", a retomada dos alunos no formato presencial.

Márcia Abrahão é a primeira mulher eleita para comandar reitoria da UnB

Ao G1, Márcia falou sobre as dificuldades enfrentadas desde 2016, ano em que assumiu a reitoria da UnB. Um dos principais desafios está relacionado ao orçamento da instituição, que sofre reduções consecutivas.

Em 2021, o Ministério da Educação (MEC) planeja cortar quase R$ 1 bilhão dos recursos destinados às universidades e institutos federais de ensino. Durante a entrevista, Márcia ressaltou que está em diálogo com o MEC e com o Congresso Nacional, para que "haja um equilíbrio no orçamento das universidades".

De acordo com ela, a pasta se mostrou disponível para debater o assunto. "É interesse deles que não haja queda", frisou.

Reitora da UnB é reeleita

Além das questões orçamentárias, a reitora falou sobre os seguintes pontos:

Impactos da pandemia

Ensino à distância

Volta às aulas presencial

Planos para o novo mandato

Leia a entrevista

G1 - Como está a situação orçamentária da Universidade de Brasília (UnB) em 2020?

Márcia Abrahão - Quando a gente assumiu, em 2016, tinha uma situação orçamentária muito complicada, com déficit e com previsão de corte de 50% para o próximo ano. Fizemos todo um trabalho de adequação, tivemos que tomar diversas medidas, algumas difíceis. Hoje, estamos em uma situação totalmente equilibrada.

"O nosso orçamento de 2020, avaliando apenas as despesas correntes, sem as obrigatórias, temos R$ 142 milhões, do Tesouro, e R$ 84 milhões vindos da arrecadação da UnB, como alugueis e projetos. Comparando com 2016, esses valores caíram cerca de 40%."

G1 - O MEC planeja corte de quase R$ 1 bilhão do total de recursos destinados à universidades e institutos federais de ensino em 2021. Qual impacto dessa medida na UnB?

Márcia Abrahão - Vivemos uma crise econômica devido à pandemia do novo coronavírus. Porém, já começamos a discussão no Congresso para que haja um equilíbrio no orçamento das universidades. O MEC se mostrou disponível para debater e é interesse deles que não haja queda.

A gente não está trabalhando com esse corte, porque já fizemos todos os ajustes que poderíamos fazer. A discussão orçamentária está começando agora. Então, todo ano, o Congresso faz as previsões, de acordo com inflação e arrecadação.

"É algo que está apenas começando e temos uma boa expectativa de que vamos conseguir reverter qualquer queda."

Pandemia

G1 - Quais impactos da pandemia do novo coronavírus na UnB e quais as áreas mais afetadas?

Márcia Abrahão - O ensino foi o mais impactado. Porém, a UnB não parou em nenhum momento. As atividades administrativas e as acadêmicas, como defesa de teses, continuaram. Iniciamos uma série de pesquisas e muitos laboratórios desviaram um pouco as pesquisas para atender a demanda da Covid-19. Tivemos alguns dias de aula, mas tivemos que parar, o que foi um grande dificuldade.

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G1 - Em agosto, a UnB retomou as aulas a distância. Qual avaliação do ensino remoto na instituição?

Márcia Abrahão - Para retomar, tivemos que fazer uma grande modificação. Entre elas, a capacitação dos professores. Temos um centro de ensino à distância de mais de 30 anos, onde oferecemos cursos remotos. Porém, a grande maioria é presencial e é importante que continue assim.

Estávamos em um processo de mudança do sistema acadêmico, o que foi um desafio. Mas isso permitiu que as matrículas fossem feitas a distância. Fizemos uma pesquisa social, que mostrou que aproximadamente 6% dos estudantes não têm computador, 30% não tinham acesso à uma internet boa e mais de 70% usam ônibus para ir à universidade.

"Temos uma população acadêmica de mais de 50 mil pessoas. Na pandemia, seríamos um propagador do coronavírus no DF. Por isso, tomamos os cuidados e fornecemos bolsas para que os estudantes em situação de vulnerabilidade pudessem ter acesso à computadores e disponibilizamos internet para eles."

Tivemos que cancelar algumas disciplinas práticas, mas o índice foi baixo. Então, a maior dificuldade foi achar uma forma de ministrar aulas, sem excluir estudantes.

G1 - Há pretensão de expandir a modalidade a distância após o fim da pandemia?

Márcia Abrahão - Esse é um caminho sem volta. Muita coisa a gente já tinha antecipado. Estamos discutindo e fazendo comissões sobre essa modalidade desde 2018. Fizemos todo um trabalho de informatização com a ideia de levar a UnB para o século 21. Outra atualização que tínhamos feito antes da pandemia, foi a instituição do diploma digital. Hoje, a nossa inscrição de calouros já é toda online e isso foi muito importante nesse momento.

"A gente avalia que, no futuro, haverá cada vez mais a convergência do presencial com o remoto, sem abrir mão da presencialidade, mas qualificando ela ainda mais."

Estamos recebendo um feedback muito positivo dos professores e foi importante termos um tempo para treiná-los. A gente avalia que esse modelo veio para ficar, mas de uma forma complementar.

Reeleição

G1 - Ao que você atribui a reeleição para o cargo de reitora?

Márcia Abrahão - Primeiro, sou muito honrada, porque sou ex-aluna do curso de geologia da UnB. Meus filhos e irmãos se formaram na instituição. Além disso, sou a primeira mulher no cargo e assumi em momentos difíceis, como o das reduções orçamentárias.

Sempre buscamos chamar a comunidade para mostrar as dificuldades e os caminhos. Algumas vezes tivemos discussões difíceis, como ajustes em contratos, que não queríamos fazer. Também mostramos que precisávamos melhorar nos indicadores acadêmicos. Fizemos um grande trabalho nesse sentido e focamos na excelência acadêmica com inclusão.

Em nenhum momento escondemos os problemas e sempre buscamos soluções junto às pessoas, para trabalharmos juntos. Isso nos deu credibilidade e estamos felizes por ter esse trabalho reconhecido.

G1 - Quais são seus planos para o novo mandato?

Márcia Abrahão - Nesses primeiros 4 anos, fizemos muitos ajustes. Criamos um decanato de pesquisa, fortalecemos os estudos aplicados e vamos fortalecer essa área mais ainda, tudo de maneira inclusiva, fazendo com que toda a comunidade participe. Algumas ações que precisamos melhorar é nossa infraestrutura física. Tivemos mudanças, concluímos obras e fizemos novas, mas precisamos de mais agilidade.

"Vamos lidar com a pandemia nos próximos anos e temos um plano de retomada em cinco etapas. No momento, estamos na zero. Tudo tem que ser organizado. A volta presencial tem que ser com muita cautela, para que a gente não tenha um retrocesso."

Leia mais notícias sobre a região no G1 DF.
Fonte: G1
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