Semana Santa

Sexta Feira Santa: Dia de jejum ou de banquetes?

Mas o que vemos hoje em dia, na realidade é o contrário de tudo isto! Algumas pessoas ainda rezam, vão as procissões, jejuam, fazem penitência e não comem carne neste dia.

Por PCV Comunicação e Marketing Digital

13/04/2020 às 19:12:35 - Atualizado há

A Igreja Católica recomenda que a sexta-feira santa, dia que se recorda a morte de Jesus Cristo, seja um dia regado pela oração, penitência, silêncio, jejum e abstinência de carne, num sinal de solidariedade com as dores e o sofrimento de Jesus que morreu por todos nós na cruz!

Mas o que vemos hoje em dia, na realidade é o contrário de tudo isto! Algumas pessoas ainda rezam, vão as procissões, jejuam, fazem penitência e não comem carne neste dia. Neste ano, devido a pandemia do corona vírus nem as idas aos atos religiosos acontecerão!

Mas o que é o jejum neste dia? O que é a penitência e a abstinência de carne neste dia! A Igreja nos convida a um dia de comunhão, de solidariedade com o sofrimento de Jesus e de milhares de pessoas que sofrem o ano todo, a sua paixão e morte, quando passam fome, dores, não tem saúde, casa, transporte, emprego, atendimento hospitalar etc.

Jejum é abster-se de comer. Pra que abster-se de comer algumas horas por dia, na sexta feira da paixão, se na hora do almoço que participo de um banquete em minha casa, regado por uma enorme quantidade de comidas, peixe, bacalhau, vinhos, etc. isto ainda acontecem em muitas famílias bem abastadas, pelo mundo afora e aqui nestes sertões. Isto não é jejum! Isto não é o jejum recomendado pela Igreja. Claro que existe ainda umas poucas famílias que partilham com os pobres um pouco muito daquilo que Deus lhes deu.

O jejum só tem sentido se eu deixar de comer alguma coisa, e isto que eu deixei de comer, eu doar para quem passa fome ou necessidade o ano inteiro, isto é, que faz jejum forçado o ano inteiro, porque não tem acesso ao alimento o ano inteiro. Isto sim é a verdadeira abstinência e jejum. Se eu me abstenho de comer por algumas horas, mas na hora do almoço e jantar encho a pança de comida, o meu "jejum" é uma farsa, eu uma enganação.

Que tal realmente abster-se de comer neste dia e aquilo que eu deixei de comer doar aos pobres? Ou que que tal passar algumas horas sem comer, mas na hora do almoço convidar os pobre da minha rua, do meu bairro, comunidade para vir almoçar o saboroso bacalhau, quitutes e peixes que comprei para o banquete da minha família?

Se na sexta-feira santa você participa ou faz um banquete na sua casa mas não convida os pobres para a sua mesa, você simplesmente fazendo um teatro com as coisas de Deus. O jejum só tem sentido se ele for acompanhado de gestos e partilha e solidariedade com os que fazem jejum o ano inteiro, porque lhe falta o alimento de cada dia!

Alguns se abstêm de comer carne na sexta-feira santa, mas em compensação na hora do almoço e jantar se deliciam com banquetes, de peixes, bacalhau e outros quitutes saborosos. Há algum sacrifício nisto? Há aí algum sofrimento e comunhão com as dores e sofrimentos de Jesus e dos pobres? Alguns ainda, neste dia, dizem quem não bebem, mas enchem a cara de vinho.

A sexta-feira santa é um dia de comunhão, de oração, de reclusão, de unir-se a Jesus, na pessoa dos irmãos sofridos. Não é dia para bebedeiras, banquetes, festas! Comemora-se a morte de alguém com um banquete, com bebedeiras e farras? A sexta-feira santa é o dia da recordação do sofrimento, da morte de Jesus, que morreu de forma dolorosa numa cruz, por causa dos nossos pecados.

O Papa Francisco nos questiona: "O meu jejum vai ajudar os outros? Se não é fingido e incoerente". Segundo a pregação do Papa, "jejuar para não aparecer", o jejum verdadeiro segundo a autoridade máxima da Igreja Católica, deve ajudar o próximo. A mensagem teria sido feita na homilia da Missa da Casa da Santa Marta (16/02/18) em que o Papa advertia sobre um jejum incoerente. "O meu jejum chega para ajudar os outros? Se não chega, é fingido, é incoerente e o leva para um caminho de vida dupla" disse o Papa.

Fica aí o meu desafio: fazer um verdadeiro jejum. Deixar de comer, mas aquilo que eu não comi doar aos que passam fome ou passam necessidades. Se assim a gente fizer, estamos mostrando que compreendemos o verdadeiro sentido da sexta-feira santa, do jejum e da morte de Jesus!

Fidelis Mangueira

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